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Lendas e Tradições

SANTA CLARA
A lenda do milagre das rosas 
Estátua da Rainha Santa Isabel na igreja do Palácio Nacional de MafraA história mais popular da Rainha Santa Isabel é sem dúvida a do milagre das rosas. No entanto, este milagre foi originalmente atribuído à sua tia-avó Santa Isabel da Hungria. Provavelmente por corrupção da lenda original, e pelo facto de as duas rainhas possuírem o mesmo nome e fama de santas, a história passou também a ser atribuída a Isabel de Aragão.
 
Segundo a lenda portuguesa, a rainha saiu do Castelo do Sabugal numa manhã de Inverno para distribuir pães aos mais desfavorecidos. Surpreendida pelo soberano, que lhe inquiriu onde ia e o que levava no regaço, a rainha teria exclamado: São rosas, Senhor!. Desconfiado, D. Dinis inquirido: Rosas, no Inverno?. D. Isabel expôs então o conteúdo do regaço do seu vestido e nele haviam rosas, ao invés dos pães que ocultara.
 
A época exacta do aparecimento desta lenda na tradição portuguesa não está determinada. Não consta de uma biografia anónima sobre a rainha escrita no século XIV, mas circularia oralmente pelo país nas últimas décadas desse século. O mais antigo registo conhecido é um retábulo quatrocentista conservado no Museu Nacional de Arte da Catalunha.
 
... levava uma vez a Rainha santa moedas no regaço para dar aos pobres(...) Encontrando-a el-Rei lhe perguntou o que levava,(...) ela disse, levo aqui rosas. E rosas viu el-Rei não sendo tempo delas. ... 
 
O primeiro registo escrito do milagre das rosas encontra-se na Crónica dos Frades Menores. No entanto, a tradição popular gerou inúmeras variantes: moedas de ouro que se transformam em rosas ou rosas que se transformam em ouro; e a actualmente mais conhecida, do pão em flores.
 
Em meados do século XVI a lenda já tinha sido amplamente difundida, e foi ilustrada por uma pintura anónima, conhecida por Rainha Santa Isabel, no Museu Machado de Castro de Coimbra, e por uma iluminura da Genealogia dos Reis de Portugal de Simão Bening sobre desenho de António de Holanda. No século XVII surgem mais dois trabalhos anónimos retratando a rainha, a pintura a óleo no átrio do Instituto de Odivelas e o retábulo do Mosteiro do Lorvão. 
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Uma outra lenda teve, como cenário, o interior da Igreja do velho Convento de Santa Clara, girando em torno da tragédia de Inês de Castro, aquela que, "depois de morta foi rainha". Assassinada ou justiçada, em 7 de Janeiro de 1355, as freiras claristas inumaram o seu cadáver dentro da Igreja. Entre filho e pai - D. Pedro e D. Afonso IV, respectivamente - estala-se uma guerra fratricida que durará cerca de seis anos. D. Pedro, já monarca, ensandece-se de vingança sangrenta contra dois dos matadores da sua linda e malfadada Inês, forja-se a afirmação do seu casamento secreto, o Rei Pedro, duro e enamorado, manda executar os maravilhosos túmulos de Alcobaça. A 25 de Abril de 1361, volta a Coimbra e faz exumar o cadáver da bela D. Inês de Castro.
 
A lenda apodera-se do acontecimento e dramatiza-o de forma exuberante. D. Pedro faria realizar, então, a cena macabra da sua coroação: o esqueleto esverdeado seria envolvido num manto real de púrpura e colocado num trono, assentando-lhe na cabeça uma coroa de ouro, depois do que mandaria, a corte, os bispos e a nobreza beijar-lhe a mão, como sua rainha. O grande poeta Luís de Camões viria a cantar este grande amor, no seu poema épico.
 
Outra lenda, menos conhecida, mas igualmente bonita, é a “estória” do pagem da Rainha Santa. Esta integra-se na série de lendas que enfloram a história de D. Isabel de Aragão. A Rainha, na sua fama de bem-fazer, empregara um pagem, que havia trazido de Espanha, na dedicada missão de socorrer os desgraçados. A sua presença na corte, porém, porque era moço, garboso e merecia a confiança de D. Isabel, suscitou desde logo invejas e ciúmes, conseguindo um cortesão, maldosamente, fazer nascer no espírito de D. Dinis, suspeitas acerca da natureza das relações entre a rainha e o pagem, ao ponto de o monarca, mordido de zelos, chamar o dono do forno de cal e ordenar-lhe que, na manhã seguinte, quando um enviado o procurasse, da sua parte, sem mais, o agarrasse e o atirasse ao forno em chamas.
 
Logo ao alvorecer, o pagem desceu a colina dos poços reais e pôs-se a caminho do monte da Esperança, mas, ao passar pelo mosteiro de São Francisco da Ponte, ouvindo a celebração de uma missa no seu interior, resolveu entrar e assistir ao ofício religioso. Entretanto, o rei impaciente, por não saber novas, resolveu enviar alguém em busca de noticias e ninguém melhor que o cortesão caluniador. Este correu sem detença, a galope, ao forno de cal, junto ao qual o forneiro colocara os executores da sentença régia. Mal o mensageiro se aproximou, estes agarraram-no e, apesar dos seus protestos, atiraram-no para a boca ardente da fornalha.
 
Algum tempo depois, chega o pagem ao forno e dá o recado: "Envia-me o rei, meu Senhor, a perguntar-vos se as suas ordens foram cumpridas". Ao que o forneiro respondeu "Dizei a El-Rei que obedeci humildemente à sua ordenança". De volta ao Paço, o pagem dirige-se à Câmara de D. Dinis e, prostrado à sua frente, transmitiu-lhe a resposta do forneiro. 0 rei, atónito, vendo na sua frente aquele que julgava reduzido a cinzas, tratou de averiguar o sucedido e, vindo a atribuir aos desígnios de Deus a troca de mensageiros, depressa se arrependeu de ter duvidado da seriedade da sua formosa rainha.
 
A modos de resenha, pode-se afirmar que o burgo de Santa Clara é uma Freguesia repleta de encanto, história, lenda e tradição, actualmente em evolução para uma grande zona urbana da cidade fantástica que é Coimbra.
 
Não obstante, através do seu património edificado e de locais como o Mosteiro velho de Santa Clara, a Quinta das Lágrimas, a Quinta das Canas (Lapa dos Esteiros), Portugal dos Pequenitos, Mosteiro de São Francisco, Capela da Senhora da Conceição, Mosteiro Novo de Santa Clara, Capela da Esperança, Forno da Cal e o Observatório Astronómico, jamais cairão no esquecimento séculos de história de Portugal, que deixaram profundas marcas nas populações de Santa Clara, de Coimbra e da própria Nação. 
 
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