21-SET-2023
Em 2024, celebraremos o 170º aniversário de um decreto que reformulou a divisão administrativa das freguesias na cidade de Coimbra. Foi em 1854 que o Bispo-Conde D. Manuel Bento Rodrigues apresentou ao governo um plano de supressão, arredondamento e criação de paróquias. Esse plano foi aprovado por decreto em 20 de novembro de 1854, e assim se marcou um ponto crucial na história da cidade.Antes dessa reforma, Coimbra estava dividida em nove freguesias, cada uma delas com a sua própria igreja paroquial. Destas nove freguesias, cinco estavam situadas na Almedina, o núcleo mais antigo da cidade, e as restantes quatro estavam localizadas fora das muralhas, no Arrabalde. As nove freguesias eram as seguintes:S. PedroS. João de AlmedinaSalvadorNossa Senhora da Assunção (Sé)S. CristóvãoS. BartolomeuS. TiagoS. João de Santa CruzSanta JustaA evolução do espaço urbano ao longo dos séculos é fascinante. Em 1527, a população era de 5.220 habitantes, com 1.453 habitantes na Almedina e 3.767 no Arrabalde. Coimbra Medieval era marcada pela presença da alcáçova, do paço episcopal, do castelo, da Sé e de outras igrejas. No Arrabalde, os aglomerados urbanos cresciam ao redor das igrejas paroquiais. O Mosteiro de Santa Cruz destacava-se como centro religioso, econômico e cultural, dedicado ao estudo e ao ensino.No século XVI, Coimbra viu o início da construção da rua da Sofia por Frei Brás de Braga, onde os colégios começaram a surgir. A Universidade mudou-se definitivamente para Coimbra, ocupando o palácio real, e os colégios prosperaram na colina. Com a instalação da Universidade e dos colégios das ordens religiosas, a população rapidamente duplicou em 1570, atingindo aproximadamente 10.000 habitantes.A evolução urbana continuou com a Reforma Pombalina em 1834, que resultou na remodelação de muitos edifícios, demolições e construções, adaptando o ensino à via experimental. No entanto, a cidade permaneceu em seu espaço secular, limitada pelas constantes inundações nas ínsuas e pelas cercas dos conventos e colégios, como Santa Cruz, S. Jerónimo, Tomar, Sant'Ana e S. Bento, que impediam o seu crescimento natural para o leste. Essa situação perdurou até a extinção das ordens religiosas e a subsequente urbanização da Quinta de Santa Cruz no final do século XIX.A história das freguesias de Coimbra é uma narrativa de transformação e crescimento, marcada por eventos que moldaram a cidade que conhecemos hoje. A comemoração do 170º aniversário deste importante decreto é uma oportunidade para refletir sobre o passado e apreciar a evolução desta cidade rica em história e cultura.
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